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Qual a posição do Espiritismo sobre o pagamento de serviços de ordem espiritual?

Iniciado por Ricardo, Janeiro 26, 2017, 03:35:32 PM

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Ricardo

Quando do seu cativeiro no Egipto, o povo Hebreu adquiriu alguns hábitos locais. A consulta de intermediários entre este mundo e o Além era prática corrente, e aproveitada por negociantes sem escrúpulos, que faziam fortuna à custa da dependência psicológica que criavam nas pessoas.

O comércio da Espiritualidade foi condenado por Moisés, e aparece referido no Antigo Testamento, no famoso Deuterónimo, 18.

Jesus terá tido a profissão de canteiro. O Apóstolo Paulo fabricava tendas. Não consta que Jesus ou os seus Apóstolos tivessem alguma vez sido pagos.

Pode ler-se em Actos dos Apóstolos, cap. 18, vv 3 a 6, acerca do Apóstolo Paulo:

E, como era do mesmo ofício, ficou com eles, e trabalhava; pois tinham por ofício fazer tendas.
E todos os sábados disputava na sinagoga, e convencia a judeus e gregos.
E, quando Silas e Timóteo desceram da Macedónia, foi Paulo impulsionado no espírito, testificando aos judeus que Jesus era o Cristo.
Mas, resistindo e blasfemando eles, sacudiu as vestes, e disse-lhes: O vosso sangue seja sobre a vossa cabeça; eu estou limpo, e desde agora parto para os gentios.

Não encontramos, na Bíblia, qualquer motivo para crer que Jesus pudesse de alguma forma ser favorável ao pagamento das actividades de cariz espiritual. Atente-se, por exemplo, nas suas palavras no Evangelho Segundo Marcos, cap. 12, vv 38 a 40:

E prosseguindo ele no seu ensino, disse: Guardai-vos dos escribas, que gostam de andar com vestes compridas, e das saudações nas praças, e dos primeiros assentos nas sinagogas, e dos primeiros lugares nos banquetes, que devoram as casas das viúvas, e por pretexto fazem longas orações; estes hão de receber muito maior condenação.

E qual a posição do Espiritismo acerca do pagamento de serviços de ordem espiritual?

Não só porque a Bíblia o diz, mas sobretudo porque a Razão o reclama, o Espiritismo não aprova qualquer tipo de comércio que envolva Deus, a Espiritualidade, o sentido de religiosidade, na acepção mais nobre da palavra.
Conquanto respeitemos todas as formas de pensar, e todas as convicções sinceras, não faz sentido para o Espiritismo que alguém pague a outrem para orar em seu nome, por exemplo. Entendemos que Deus não precisará de intermediários.

Parece-nos bem que os profitentes das diferentes religiões paguem aos respectivos sacerdotes, mas não nos parece bem que os sacerdotes cobrem para rezar por alguém, para realizarem cerimónias religiosas ou administrarem sacramentos. Será que Deus não concede as suas bênçãos a quem não as pode pagar? Será, a nosso ver, fazer uma fraquíssima ideia de Deus...


Na imagem: ilustração da célebre cena em que Jesus corre com os vendilhões do Templo. Dá a ideia de que o Mestre não queria misturas entre negócio e Espiritualidade...