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Lenda da Perna de Gião (Serra de Serpa)
Os Giões são seres enigmáticos guardiões e protectores da floresta que habitam a Serra de Serpa havendo relatos antigos de avistamentos destes pequenos seres em terras de Mértola e na Serra do Caldeirão.
Vivem em tocas, covas e em pequenas grutas existentes em escarpas e em fendas debaixo das raízes de árvores frondosas ou em cerrados arbustos.
Por vezes conseguem ser vistos em noites de lua cheia junto a charcas, poços, riachos e ruínas de montes abandonados pelo que se crê serem seres de actividade essencialmente nocturna.
Em termos fisionómicos são pequenos humanoides, de cor verde acastanhada, a rondar os 15 cm, bastante inteligentes, ágeis e velozes com uma personalidade desconfiada, reservada e susceptivel. Acredita-se que a sua alimentação seja variada, à base de pequenos roedores, anfíbios, pequenos repteis, frutos, raizes, cogumelos e tubérculos que se podem encontrar na floresta, linhas de água e matagais da Serra de Serpa.
Nas noites escuras e calmas, segundo testemunhos que vão desde os primeiros habitantes desta serra até aos dias de hoje, ouvem-se por vezes ruídos a que se assemelham a cânticos e gargalhadas que ecoam por montes e vales, sons esses que são atribuídos a estes seres.
No sitio Perna de Gião, bem no coração da Serra de Serpa, há uma velha lenda com estes estranhos seres e que diz o seguinte:
Reza a lenda que as cinco tribos de Giões que habitam a Serra de Serpa reúnem-se nas noites do Solstício de Verão (quando esta noite é coincidente com uma noite de lua cheia) em locais secretos e encantados e onde os anciãos e o seu povo convivem, cantam, dançam e debatem os seus destinos.
Numa destas datas, não se sabendo ao certo o ano um rapaz de tenra idade brincava num riacho quando ouviu um ténue sussurro como que um chamamento. Intrigado, procurou descobrir de onde vinha aquele som e aproximou-se de um poço. Ao debruçar-se sobre o muro do poço olhou lá para dentro e viu um pequeno ser quase sem forças e ferido entrelaçado e preso nas raízes e nas vagens de uma planta.
O jovem rapaz a custo tirou o Gião quase inanimado do poço e tratou-lhe dos ferimentos, sobretudo a que ele tinha numa das pernas para que este pudesse continuar a sua jornada para o grande fórum que iria ocorrer ainda nessa noite.
O Gião já recuperado e antes de continuar a sua viagem, como agradecimento, disse ao rapaz para no dia em que fizesse dezoito anos cavar perto do poço onde fora salvo e onde três vales se encontram a fim de encontrar uma grande preciosidade, mas que teria de manter segredo até lá.
O jovem menino nunca se esqueceu deste encontro e cumprindo religiosamente o seu voto de silêncio, anos depois, no dia em que completou os seus dezoito anos pegou numa pá e numa enxada e depois de um intenso dia de trabalho a revolver o solo junto ao poço que o Gião mencionou encontrou, já ao pôr do sol, um velho pote de barro cheio de moedas de ouro e pedras preciosas.
A partir dessa data esse sitio ficou conhecido como "Perna de Gião" dizendo-se ainda nos dias de hoje que a água do poço em que o Gião foi salvo tem propriedades curatórias para muitas maleitas.
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